Muito Além da Dor

Da arquibancada como torcedor à diretoria do coração - por Dr. Paulo Afonso Cunali

No Muito Além da Dor de hoje, temos a história do Dr. Paulo Afonso Cunali de como saiu da arquibancada como torcedor e chegou à diretoria do seu time de coração. Confira abaixo:

"Meu nome é Paulo Afonso Cunali, Cirurgião Dentista atuando como especialista na área das Dores Orofaciais e DTM, e com muito orgulho ex-presidente e sócio fundador da SBDOF. Mas não só a Odontologia e o envolvimento com aulas estão no meu dia a dia. 

Sempre fui apaixonado por futebol, e desde 1966, com 10 anos, frequento estádios para assistir a magia que esse esporte pode nos proporcionar. O processo do jogo, que tem o antes e o depois sempre ligados ao caos e as alegrias que a bola pode proporcionar, é talvez o que possa explicar a paixão. O torcedor é passional mesmo. 
Meus 3 filhos homens são também apaixonados pelo mesmo time que eu vi pela primeira vez aos 10 anos no estádio da baixada, onde o Rubro Negro. Nessa época meu time, já o conhecido Furação, levava torcedores fanáticos a cantar o hino do Clube e tantos outros cânticos de incentivo ao nosso time do coração.

Sofri mais do que achei que podia, mas o meu 1º título de torcedor campeão paranaense que o meu CAP (Clube Athletico Paranaense – esse h é recente) me proporcionou veio com a vitória sobre o time da estradinha em Paranaguá em 1970. Desde então todo jogo era o jogo, e as idas e vindas aos estádios com o Sr. Valmir foram sendo substituídas pelas idas com outros amigos torcedores. Como era legal ir de ônibus para o estádio, e andar com a camisa rubro-negra que só se veste por amor (parte do refrão do nosso hino).

Rafael, meu filho que também é Cirurgião Dentista e especialista em DOF e DTM, tornou-se rapidamente o meu companheiro de jogo. Já com 6 anos (1991) íamos juntos aos jogos e ele sentia-se muito orgulhoso de estar ali comigo torcendo e gritando...“ó meu furacão quero te ver campeão”. Os anos 80 não nos trouxeram muitos títulos. Nos estaduais nosso rival do Alto da Glória nos feria e o tricolor da Vila Capanema fez sofre algumas vezes o Rubro Negro da Baixada. E foi na Páscoa de 1995, após uma derrota doida e catastrófica para o Coritiba, que as coisas ficaram dentro do CAP. O projeto CAPGIGANTE nasceu ali. A dor deu um basta e surgiu a figura do Athleticano Mário Celso Petraglia, até hoje a pessoa mais importante nessa trajetória de sucesso desse projeto e do CAP. 

Em dezembro de 1997 iniciamos a reforma do nosso estádio que foi entregue em 1999, ano em que o CAP compra e inaugura o seu Centro de Treinamentos no Umbará (modelo de CT para o mundo). Vieram alguns títulos, mais torcedores, mais receita, e melhores jogadores. Nessa época eu já estava mais próximo como torcedor de pessoas que eram conselheiras do CAP. Escutando essas pessoas comecei a perceber que o futebol é um esporte de altíssima complexidade. A paixão e o amadorismo não poderiam ser ingredientes que fazem as coisas darem certo. Poderiam até fazer um time campeão, mas não lhe dariam sustentação como projeto.

Assistimos, eu e Rafael, muitos jogos na Arena da Baixada, e o CAP foi campeão brasileiro em 2001. Nem mesmo nos meus sonhos de criança esse título foi sequer um sopro. Eu já estava fisgado agora como um torcedor que precisaria fazer algo mais pelo seu clube do coração. 

Uma história estava em curso. E seria contada num futuro próximo. Uma história de sucesso, e eu teria que fazer parte desse projeto. Senti necessidade de estar próximo e ajudar da forma que fosse possível, e essa já não cabia no Paulo torcedor.

Para se conselheiro é preciso ser indicado por algum conselheiro atuante, e as vagas no Conselho Deliberativo são poucas, sendo proporcionais ao número de sócios.  A oportunidade de trabalhar dentro do conselho surgiu em 2010. Fui convidado para ser conselheiro pelo também Cirurgião Dentista e amigo Aguinaldo Coelho de Farias (hoje Presidente do Conselho /deliberativo do CAP). Nesse mesmo ano já íamos em 5 para assistir os jogos: meu filhos Rafael (25), Bernardo (06) e Leonardo (04), Isabela minha esposa, e eu. Logicamente eu tinha comparado 5 associações/cadeiras. Torcedor e Conselheiro, um orgulho!

O tempo foi passando depressa, e a arena construída em 1997/1999 foi ao chão. O estádio do CAP foi um dos escolhidos para os jogos da Copa de 2014. E veio a nova arena, fantástica com o teto retrátil e a grama artificial (únicos na América Latina), a biometria, as cadeiras com os nomes dos associados, e vieram outros títulos e participações em outras copas nacionais e sul-americanas. O projeto CAPGIGANTE seguindo em frente.

As coisas são muito diferentes da arquibancada. A função de um conselheiro é estudar as propostas vindas do administrativo, discuti-las e votar. Não existe paixão e vontade nessas ações, existe coerência em cima de muito estudo. Afinal votam-se propostas do projeto do Clube Athletico Paranaense, aprovam-se contas e orçamentos que são a essência e a base do empreendedorismo, e o Norte para o sucesso da gestão de um negócio. E futebol é “business”. Aprendi muito, e na gestão seguinte fui membro do Conselho Fiscal. Nesse período participei mais ativamente das reuniões das mesas diretivas, tive a missão de presidir a comissão de precificação de ingressos, e montei o Master de Futebol do CAP. 

Essa última tarefa, montar o CAPMASTER me deu muitas alegrias pois passei a conviver com meus ídolos do título brasileiro de 2001, e de outros tantos jogadores que vi jogar pelo meu time do coração.

Diretoria tem que ser sinônimo de competência, mas todos os cargos são de confiança. Você pode e deve sempre aprender e ser humilde para perguntar, e isso vai lhe acrescentar saber e você se tornará mais competente. A vida nos ensina isso todos os dias. Mas, a outra face nesse futebol “business” é a confiança. São tantos os detalhes e tantas as nuances que algumas coisas que são ditas não serão repetidas. O som do silêncio é muito ativo se soubermos entendê-lo, e o tempo o senhor da razão (essa última aprendi com o Presidente Petraglia). 

E foi assim, com a confiança das mesas diretiva que fui convidado a assumir a 1ª Vice-presidência do Conselho Deliberativo do Clube Athletico Paranaense para a gestão 2020-2023. Já com títulos importantes Nacionais e Internacionais, com superávit e com um modelo de gestão ímpar, sabíamos que nossa missão seria difícil. Manter posição é muito mais trabalhoso do que conquistar. E veio a pandemia, e o Athletico se superou. E veio 2021 pós pandemia, e o Athletico continua se superando, e continua superando outros Clubes com muito mais caixa, mas já sem a mesma e exclusiva notoriedade.  E virá 2022, e seguiremos com o Projeto CAPGIGANTE em busca de um título da Libertadores e do título Mundial. Duvidam? Eu não, pois para o Furação das Américas nada é impossível."
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