Sócio Pergunta, Sócio Responde

A nomenclatura e o diagnóstico em DTM

Quais são os recursos mais confiáveis e atuais para o diagnóstico das DTM?

O Sócio Pergunta
Sérgio Moura Guimarães

Quais são os recursos mais confiáveis e atuais para o diagnóstico das DTM?
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O Sócio Responde

Ricardo Aranha

A disfunção temporomandibular (DTM), um segmento musculoesquelético das dores orofaciais, tem sua história recente repleta de ações para a organização e padronização de diagnósticos e terminologias. Anteriormente chamada de “desordens craniomanbulares, distúrbios orofaciais, oclusopatias faciais,” e sabe-se lá o que mais, a atual DTM ganhou muito com os esforços realizados por um consórcio acadêmico dedicado ao tema, e que permanece em constante revisão e aprimoramento – o International Network for Orofacial Pain and Related Disorders Methodology, ou INfORM (https://ubwp.buffalo.edu/rdc-tmdinternational/). 

A partir da década de 1990 o INfORM elabora o reconhecido Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD) – ou Critérios de Diagnóstico em Pesquisa para Desordens Temporomandibulares, que prenunciou o atual Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (DC/TMD) – Critérios de Diagnóstico para Desordens Temporomandibulares: Protocolo Clínico e Instrumentos de Avaliação. 

É importante destacar que as modificações de critérios de diagnóstico acompanharam as relevantes mudanças no entendimento da etiologia do fenômeno DTM, que passou de um fator biomecânico causal único, seja relacionado à oclusão dental ou ao relacionamento anatômico intrínseco ou extrínseco das articulações temporomandibulares (ATM), para incorporar fatores amplos neurológicos, psicológicos, sistêmicos e sociais. Apesar desse fato, a classificação de diagnóstico ainda carrega uma característica anatômica ou anatômico-funcional. Anteriormente prevalecia a separação em DTM “muscular” e DTM “articular” - o que ainda permanece no imaginário da especialidade - e agora as novas diretrizes ressaltam a presença ou ausência de dor, em um contexto mais clínico. A propósito, o novo DC/TMD incorpora informações ou critérios que, apesar de ainda carecerem da melhor investigação ou validação, são relevantes para a prática de consultório.  

 O DC/TMD é, em suma, uma suíte de instrumentos e orientações validados para o mais acurado e confiável diagnóstico das diversas patologias envolvidas na DTM. Compõe-se da anamnese, de exames físicos, laboratoriais e de imagem, quando necessários. Embora amplamente respeitado e reconhecido, o que o transforma em informação obrigatória para os profissionais da área, o recurso é complexo, extenso, e em sua completude, de difícil implementação na rotina clínica ou na pesquisa epidemiológica. Como solução, questionários validados, mais sucintos e simples, estão à disposição para um diagnóstico preliminar de presença ou ausência de DTM, sem maiores especificações para a patologia. O próprio DC/TMD oferece o TMD Pain screener, ou “Triagem da Dor por DTM” - com apenas três itens preliminares para avaliação da dor sentida nos últimos 30 dias. Ressalta-se aqui a relevância da anamnese, compilada e reformulada como um questionário, sem a qual qualquer consideração sobre diagnóstico fica insuficiente ou mesmo falha - como muitas vezes ainda se vê em trabalhos realizados unicamente com recursos de imagem, relatos esparsos ou achados biomecânicos isolados.
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